Um
místico de repente, peleja, côco, toré, baião, martelo, cordel, rabeca e viola;
é um caldeirão borbulhante de todas as influências sonoras e
literárias do nordeste brasileiro, sem o estereótipo do
conservadorismo tradicional e imutável. É um disco para o mundo,
marcante, definitivo, atemporal, poético e percussivo; regional e
contemporâneo; primitivo e transcendental. Assim
caminha o Imbolê, entre guitarras distorcidas, violas e
rabecas, zabumbas, cítaras e grooves eletrônicos, reverenciando a
alquimia das fusões entre o pop e o regional, flertando com
o rap-rock, sampleando com as baladas e cirandas, na
pancada irreverente do baião elétrico. Produzido por Robertinho de
Recife, com participação especial de Zé Ramalho e a
poesia surrealista de Zé Limeira, o “Imbolê - cordel e som na
caixa”, é acompanhado ainda, de doze livretos autorais, recheados
de martelos, ditados populares e emboladas, completando assim, essa
brilhante obra músico/literária brasileira." (trecho retirado do site
www.betobrito.com)
Leia à
seguir o que Beto Brito opinou sobre os assuntos abordados:
Como você define a fomentação da música paraibana no estado?
Caminhando... Ainda precisa dar passos mais largos, porém os caminhos
estão sendo abertos. Mesmo com todas as intempéries e descuidos de tantos anos,
eu sinto que muita coisa pode ser mudada e reinventada. O que nós,
artistas, devemos botar na cabeça é o seguinte: quem cuida de nós, somos nós...
O estado, enquanto instituição, é apenas um elemento que pode nortear os
investimentos, aumentando ou diminuindo, mas o conceito e as criações que farão
as diferenças entre quem sobrevive e quem naufraga só depende de cada um.
Quais as maiores dificuldades em fazer/produzir música na Paraíba?
As mesmas dificuldades de qualquer outro lugar do mundo... Quem decide
pela opção de viver de música ou de qualquer outra forma de arte, a única coisa
que ele tem como certo é a incerteza. Nós, aqui na Paraíba, podemos sofrer
ainda um pouco mais, pela influência de um estado como Pernambuco que tem
quatro décadas de investimentos relevantes em sua obra cultural, enquanto que,
pelas bandas de cá, somente começaram a enxergar sua importância como fonte de
renda e expansão do turismo, de poucos anos pra cá. Quando perceberem que
cultura é tão importante quanto saneamento básico, então diminuirão as
dificuldades e as “doenças culturais” que atingem nosso povo.
Aponte algumas soluções para um maior incentivo à produção de música na
Paraíba.
- A Criação de “Embaixadas Culturais” em São Paulo, Brasília e Rio de
Janeiro, com espaços para exposições permanentes de fotografia, artes
plásticas; palco para shows, peças teatrais, cinema, artesanato, feiras, etc;
- Espaços fixos e volantes para apresentações culturais diversas nos
bairros de João Pessoa e em todo estado;
- Leis de incentivo que priorizem a produção profissional. Diferindo
quem faz arte com profissionalismo e quem tem apenas “vontade” de gravar um Cd
para mostrar pros amigos. A democracia, neste caso, não é tratar todos por
igual, porém cada um com sua importância e reais condições de projeção e
crescimento, diferindo as verbas de acordo com o perfil e o talento do grupo
e/ou artista;
- Criar um diálogo com estados, como Pernambuco, para estabelecer um
sistema de troca, ou seja, que os artistas daqui, na mesma proporção, toquem no
estado vizinho, como os artistas de lá são trazidos pra cá;
- Investir em feiras culturais para nosso estado ou, pelo menos levar
nossa cultura para feiras no Brasil e no exterior;
- Criar núcleos dentro da Secretaria de Cultura e Funjope, que possam
ajudar os artistas que não dispõe de ferramentas e informações suficientes para
desenvolver seus Projetos Culturais para Lei de Incentivo, como a Lei Rouanet,
por exemplo;
- Investir em Escolas de Formação Erudita, como a Antenor Navarro, por
exemplo;
- Incentivar os Mestres da Cultura Popular e os seus seguidores;
- Criar Festivais com bom suporte técnicos de palco, luz e som, para
eventos da cultura primária, como o repente de viola e literatura de cordel.
4. Conte sobre a sua história com a música paraibana.
Minha música é paraibana! Embora não seja paraibano –sou piauiense- foi
aqui onde tive o prazer de conviver com esse gigantesco celeiro cultural
e fazer minhas criações. Desde os coquistas,como Terezinha e Lindalva, Geralldo
Mouzinho e Caximbinho à repentistas como Oliveira de Panelas, Ivanildo Vila
Nova a estudiosos da cultura popular, feito Bráulio Tavares, Jessier Quirino,
Astier Basílio, Altimar Pimentel, passando por artistas contemporâneos, feito
Escurinho, Totonho, Cabruêra, artistas plásticos do nível de Clóvis Júnior e
Flávio Tavares à escritores como Ariano Suassuna, Astier Basílio e
forrozeiros da estirpe de Marinês, Genival Lacerda, Biliu, Clã Brasil, Flávio
José, Sivuca e por aí vai. Minha relação com a cultura da Paraíba é ampla,
próxima e definitiva!
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