sexta-feira, 10 de maio de 2013

Beto Brito fala sobre produção musical na Paraíba




Um místico de repente, peleja, côco, toré, baião, martelo, cordel, rabeca e viola; é um  caldeirão  borbulhante  de todas as influências sonoras e literárias do nordeste brasileiro, sem o  estereótipo  do  conservadorismo tradicional e imutável. É um disco para o mundo, marcante, definitivo, atemporal, poético e  percussivo; regional e contemporâneo; primitivo  e  transcendental.  Assim  caminha  o  Imbolê, entre guitarras distorcidas, violas e rabecas, zabumbas, cítaras e grooves eletrônicos, reverenciando a  alquimia das fusões entre o pop e o  regional, flertando  com  o rap-rock, sampleando com  as  baladas  e cirandas, na pancada irreverente do baião elétrico. Produzido por  Robertinho  de  Recife, com  participação  especial  de Zé Ramalho e a poesia surrealista  de  Zé Limeira,  o “Imbolê - cordel e som na caixa”, é acompanhado ainda, de doze   livretos  autorais, recheados  de  martelos, ditados populares e emboladas, completando assim, essa brilhante obra músico/literária brasileira." (trecho retirado do site www.betobrito.com)

Leia à seguir o que Beto Brito opinou sobre os assuntos abordados: 

Como você define a fomentação da música paraibana no estado?
Caminhando... Ainda precisa dar passos mais largos, porém os caminhos estão sendo abertos. Mesmo com todas as intempéries e descuidos de tantos anos, eu sinto que muita coisa pode ser mudada  e reinventada. O que nós, artistas, devemos botar na cabeça é o seguinte: quem cuida de nós, somos nós... O estado, enquanto instituição, é apenas um elemento que pode nortear os investimentos, aumentando ou diminuindo, mas o conceito e as criações que farão as diferenças entre quem sobrevive e quem naufraga só depende de cada um.
Quais as maiores dificuldades em fazer/produzir música na Paraíba?
As mesmas dificuldades de qualquer outro lugar do mundo... Quem decide pela opção de viver de música ou de qualquer outra forma de arte, a única coisa que ele tem como certo é a incerteza. Nós, aqui na Paraíba, podemos sofrer ainda um pouco mais, pela influência de um estado como Pernambuco que tem quatro décadas de investimentos relevantes em sua obra cultural, enquanto que, pelas bandas de cá, somente começaram a enxergar sua importância como fonte de renda e expansão do turismo, de poucos anos pra cá. Quando perceberem que cultura é tão importante quanto saneamento básico, então diminuirão as dificuldades e as “doenças culturais” que atingem nosso povo.
Aponte algumas soluções para um maior incentivo à produção de música na Paraíba.
- A Criação de “Embaixadas Culturais” em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, com espaços para exposições permanentes de fotografia, artes plásticas; palco para shows, peças teatrais, cinema, artesanato, feiras, etc;
- Espaços fixos e volantes para apresentações culturais diversas nos bairros de João Pessoa e em todo estado;
- Leis de incentivo que priorizem a produção profissional. Diferindo quem faz arte com profissionalismo e quem tem apenas “vontade” de gravar um Cd para mostrar pros amigos. A democracia, neste caso, não é tratar todos por igual, porém cada um com sua importância e reais condições de projeção e crescimento, diferindo as verbas de acordo com o perfil e o talento do grupo e/ou artista;
- Criar um diálogo com estados, como Pernambuco, para estabelecer um sistema de troca, ou seja, que os artistas daqui, na mesma proporção, toquem no estado vizinho, como os artistas de lá são trazidos pra cá;
- Investir em feiras culturais para nosso estado ou, pelo menos levar nossa cultura para feiras no Brasil e no exterior;
- Criar núcleos dentro da Secretaria de Cultura e Funjope, que possam ajudar os artistas que não dispõe de ferramentas e informações suficientes para desenvolver seus Projetos Culturais para Lei de Incentivo, como a Lei Rouanet, por exemplo;
- Investir em Escolas de Formação Erudita, como a Antenor Navarro, por exemplo;
- Incentivar os Mestres da Cultura Popular e os seus seguidores;
- Criar Festivais com bom suporte técnicos de palco, luz e som, para eventos da cultura primária, como o repente de viola e literatura de cordel.   
4. Conte sobre a sua história com a música paraibana.
Minha música é paraibana! Embora não seja paraibano –sou piauiense- foi aqui onde tive o prazer de conviver com esse gigantesco celeiro cultural  e fazer minhas criações. Desde os coquistas,como Terezinha e Lindalva, Geralldo Mouzinho e Caximbinho à repentistas como Oliveira de Panelas, Ivanildo Vila Nova a estudiosos da cultura popular, feito Bráulio Tavares, Jessier Quirino, Astier Basílio, Altimar Pimentel, passando por artistas contemporâneos, feito Escurinho, Totonho, Cabruêra, artistas plásticos do nível de Clóvis Júnior e Flávio Tavares à escritores como Ariano Suassuna, Astier Basílio  e forrozeiros da estirpe de Marinês, Genival Lacerda, Biliu, Clã Brasil, Flávio José, Sivuca e por aí vai. Minha relação com a cultura da Paraíba é ampla, próxima e definitiva!

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