Juvandi de Souza Santos é professor, arqueólogo, paleontólogo e pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba. Ele é o idealizador e coordenador geral do Projeto intitulado APEAP - Atividades de Pesquisa de Educação Ambiental e Patrimonial da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, na Paraíba, fomentado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ensino Superior (Secties-PB) em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) que conta com uma equipe multidisciplinar nas áreas de arqueologia, paleontologia, pedagogia, biologia, história e comunicação e tem como objetivo principal a preservação e difusão do patrimônio pré-histórico e histórico paraibano.
Primeiramente, gostaria que o senhor falasse um pouco do seu trabalho, como iniciou nas pesquisas científicas com foco nas prospecções de vestígios arqueológicos e paleontológicos na Paraíba?
Juvandi - Faz 32 anos que eu comecei nessas atividades de cunho arqueológico, paleontológico e espeleológico na Paraíba. Especificamente na região da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe nós começamos as atividades em 2007/2008 realizando prospecções e atividades de educação ambiental e patrimonial nas comunidades dessa região.
Quando se deu início às pesquisas sobre as descobertas das pegadas de dinossauros no município de São João do Rio do Peixe?
Juvandi - Essas pesquisas são muito antigas! Desde os anos 60, principalmente nos anos 70, o grande pioneiro é o Padre italiano Giuseppe Leonardi que já pesquisava nesta região. Então devemos à ele e posteriormente ao professor Ismar de Souza da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que também foi um dos pioneiros nas grandes descobertas de fósseis.
Quantos sítios arqueológicos e paleontológicos existem atualmente na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe?
Juvandi - Até o momento nós temos um levantamento superficial de pelo menos 62 sítios paleontológicos e 15 sítios arqueológicos. Acredito que quando findar o projeto é que teremos a quantidade exata dos sítios existentes na região da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe na Paraíba.
Além das pegadas de dinossauros, gravuras rupestres também são estudadas na região para a preservação patrimonial. São vestígios que vem superando a ação do tempo, do vento, das chuvas. Como é o trabalho feito pela equipe do Projeto de Atividades de Pesquisa de Educação Ambiental e Patrimonial da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe (APEAP) para manter a conservação?
Juvandi - Inicialmente nós realizamos as atividades em campo de prospecções arqueológicas e paleontológicas nos sítios e fazemos o processo de catalogação de todas as pegadas evidenciadas. Para realizar o salvamento desses vestígios temos que pedir autorização da Agência Nacional de Mineração. A conservação de um material arqueológico só é possível ser feita em laboratório especializado. Naturalmente, os sítios tendem a desaparecer pelos processos erosivos das chuvas e do vento com o passar dos séculos.
Sousa, município da Paraíba é bastante conhecida mundialmente por possuir grandes quantidades de sítios com pegadas de dinossauros, onde está localizado o Monumento Natural Vale dos Dinossauros. O Projeto visa também realizar atividades de Educação Ambiental e Patrimonial, que visa promover palestras nas escolas, exibição de filmes, museu itinerante e visitação ao Vale dos Dinossauros com o intuito de promover uma conscientização do patrimônio e meio ambiente. Gostaria que o senhor relatasse quais são os principais desafios hoje de fazer pesquisa dessa magnitude?
Juvandi - O grande desafio é conseguir os recursos financeiros para trabalhar em pesquisa científica de modo geral no Brasil. Na questão ambiental, é muito desafiador impedir a destruição dos sítios tanto através das ações da própria natureza que não estão sob o nosso controle quanto da ação humana, que estas sim podemos controlar através de ações educativas para conscientizar a importância da preservação do nosso patrimônio histórico e ambiental.
Como resultado da pesquisa, serão publicado dois livros e será também realizado um congresso em março de 2025. Quais as expectativas para a publicação dos livros e também para o 1° Simpósio Paraibano de Paleontologia e Arqueologia na Paraíba que terá uma grande importância e contribuição para os estudos na área.
Juvandi - Nós pretendemos publicar dois livros. O primeiro será resultado da pesquisa nos municípios de Sousa, Uiraúna e São João Do Rio do Peixe, já o segundo livro almejamos lançar na segunda etapa do Projeto no qual pretendemos visitar os outros cinco municípios que compõe a Bacia Sedimentar do Rio do Peixe. Para o 1° Simpósio nossas expectativas é lançarmos o nosso primeiro livro, convidar grandes pesquisadores que trabalharam na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe para discutir as situações e o descaso dos sítios arqueológicos e paleontológicos no sertão da Paraíba. Será um grande evento com a presença do Padre italiano Doutor em Paleontologia Giuseppe Leonardi, o professor Ismar Souza da Univerdidade do Rio de Janeiro e outros grandes pesquisadores, mostrar as novidades e as grandes descobertas de novos sítios arqueológicos e paleontológicos realizadas pela nossa equipe.
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