domingo, 16 de fevereiro de 2025

Projeto APEAP busca proteger pegadas de dinossauros e registros rupestres na Paraíba

 



Investigar pegadas de dinossauros e explorar sítios paleontológicos e arqueológicos em busca de registros rupestres ou marcas de nossos antepassados no Alto Sertão da Paraíba é um dos desafios dos pesquisadores do Projeto de Atividades de Educação 
Ambiental e Patrimonial da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe. Porém o desafio vai mais além. Muitos dos registros encontrados estão sendo afetados pela ação humana e também pela própria ação da natureza, por isto o maior obstáculo é conscientizar toda a sociedade através de ações educativas sobre a importância da preservação do nosso patrimônio 
histórico-cultural e ambiental.

Os resultados desta primeira etapa da pesquisa é a realização do I Congresso Internacional da Paraíba, que irá acontecer em março, a publicação de um livro com os estudos feitos nos municípios de Sousa, Uiraúna, São João do Rio do Peixe e Poço de José de Moura, outro livro que será publicado na segunda etapa do projeto e o grande objetivo final é a construção de um Geoparque mundial no intuito de conservar todos os 
62 sítios paleontológicos e 15 sítios arqueológicos que existem atualmente na região e são predominantemente ricos em registros pré-históricos, o que torna o lugar um epicentro internacional, atraindo estudiosos de todos os estados do Brasil e de países de outros continentes, turistas, curiosos e comunidade local, esta que tende a se beneficiar com os investimentos na região.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Desde os anos 60, principalmente nos anos 70, estudiosos desenvolvem pesquisas 
de cunho arqueológico e paleontológico na região da bacia sedimentar de Sousa. O pioneiro nestas pesquisas é o padre italiano Giuseppe Leonardi e posteriormente o professor Ismar de 
Souza da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que juntos realizaram e desenvolveram pesquisas científicas sobre as descobertas de fósseis na Paraíba. 

O Projeto é desenvolvido tanto em campo nas regiões dos sítios quanto no laboratório de arqueologia e paleontologia da UEPB (LABAP), sob a orientação do coordenador-geral e idealizador da pesquisa Juvandi de Souza Santos, no qual são realizadas as atividades para conservação dos achados pré-históricos. As regiões onde são realizadas as expedições e explorações ficam localizadas na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe e só é possível explorar essas localidades quando o rio está seco e sob a orientação do guia local Luiz Carlos, ele tem uma vasta experiência nessas viagens e há mais de 30 décadas trabalha nas buscas de vestígios em sítios arqueológicos e paleontológicos. “Os paleontólogos e arqueólogos que estão inseridos no Projeto Rio do Peixe são muito valorosos, pois são eles que darão continuidade aos trabalhos desenvolvidos por Giuseppe Leonardi verificando as condições dos sítios com pegadas e inscrições rupestres e demais ocorrências no âmbito dessas ciências”, relatou Luíz.

A MOVISSAUROS

 Em 20 de novembro de 1996, Luíz Carlos Gomes sugeriu a criação de uma ONG, pois assim os pedidos em prol da valorização do Vale dos Dinossauros teriam outra significância, além daqueles feitos individualmente. Então, foi fundada a MOVISSAUROS (Associação Movimento de Preservação do Vale dos Dinossauros), “que ao iniciar sua atuação tirou o Vale dos Dinossauros do esquecimento em que se encontrava, pois, quando o Padre italiano Giuseppe Leonardi havia encerrado suas pesquisas em 1989, nada mais se falava sobre pegadas de dinossauros. Naqueles anos as emissoras de Sousa eram pouco atuantes, entretanto, quando os integrantes da 
MOVISSAUROS passaram a buscar os achados catalogados por Giuseppe e encontraram 
novas pegadas de dinossauros, os jornais da Paraíba abriram espaços para a divulgação desses achados, de novas pegadas”, afirmou Luíz Carlos.

O PROJETO E OS RESULTADOS

O Projeto de Atividades de Pesquisa em Educação Ambiental e Patrimonial da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, Paraíba, Brasil – APEAP tem a iniciativa do Professor Dr. Juvandi de Souza Santos. O referido professor é historiador, geógrafo, arqueólogo e paleontólogo. É também pesquisador e professor efetivo da Universidade Estadual da Paraíba. Na Universidade, dirige o Laboratório de Arqueologia e Paleontologia e o Museu de História Natural. Juvandi é o idealizador e coordenador geral do Projeto APEAP, fomentado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ensino Superior (Secties-PB) em parceria com a UEPB e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) que conta com uma equipe multidisciplinar nas áreas de arqueologia, paleontologia, pedagogia, biologia, história e uma assessoria de comunicação responsável por divulgar o projeto que tem como objetivo principal a preservação e difusão do patrimônio pré-histórico e histórico paraibano.

As atividades em campo permitem que os estudantes participem de explorações de sítios arqueológicos e paleontológicos, localizando os registros de fósseis, microfósseis, icnofósseis e outros. Para este trabalho são utilizadas as técnicas de fotografias, vídeos, 
scanner e anotações detalhadas para garantir que todas as informações sejam capturadas com precisão. 

No laboratório, os estudantes realizam atividades de tombamento e registro de materiais arqueológicos e paleontológicos, além da higienização e organização desses materiais que serão usados em futuras pesquisas, aliando o trabalho prático com os estudos literários sobre a temática da pesquisa.

NÚMEROS ALCANÇADOS

O projeto alcançou um total de 11 instituições de ensino nos dois municípios, sendo cinco escolas em Uiraúna (três municipais e duas estaduais) e seis em São João do Rio do Peixe (três na zona urbana e três na zona rural). Em termos quantitativos, foram realizadas 18 palestras que atingiram um público total de 549 alunos - 356 em Uiraúna e 193 em São João do Rio do Peixe. O Projeto obteve uma gama enorme de alunos recebidos no Vale dos Dinossauros, inclusive de municípios como Riacho dos Cavalos, Cachoeira dos Indios, Sousa, Conceição do Piancó e Poço José de Moura.

As atividades educacionais também contemplaram a população de Sousa, Aparecida e arredores na I Feira de Energias Renováveis com o Museu Itinerante do 
Museu de História Natural. Em São João do Rio do Peixe, o Projeto contemplou também um grupo de escoteiros com uma bela ação de coleta de lixo nas margens do Rio do Peixe e também a participação da 2° Mostra cultural da APAE de SJRPx em Praça Pública com centenas de populares.

Os resultados obtidos das prospecções paleontológicas e arqueológicas na região da Bacia Sedimentar do Rio do Peixe (municípios de Poço de José de Moura, São João do Rio do Peixe, Sousa e Uiraúna) alcançaram 7 sítios arqueológicos, onde foram encontrados gravuras e pinturas rupestres de seres humanos pré-históricos. 20 sítios paleontológicos onde foram encontrados registros de fósseis de conchostráceos e fragmentos de troncos, icnofósseis de locomoção e descanso por dinossauros, icnofósseis de habitação, pastagem e alimentação por animais invertebrados, marcas de chuva e também marcas de ondulações indicadoras de fundo de lado, alguns registros foram totalmente destruídos (por ações da natureza ou humana) e outros estão 
com destruição iminente.

Com início em julho de 2024, a equipe multidisciplinar do projeto é composta pelo coordenador geral, arqueólogo, paleontólogo e espeleólogo Juvandi de Souza Santos; João Rosa (arqueólogo), Juliana Carvalho (bióloga e paleontóloga), Thomas Bruno 
(jornalista e historiador), Rogério Ferreira (geógrafo), Flávia Martins (bióloga), Joice Schaeffer (assessora técnica), Bruna Steinbach (jornalista), além dos estudantes bolsistas Eduardo Bruno e Aniele Rodrigues.


















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